Segundo dados do relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2019”, produzido pela FAO-Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo têm algum nível de insegurança alimentar.
Como prover disponibilidade, estabilidade e acesso de alimentos para atender às necessidades humanas? É disso que trata a segurança alimentar: “quando todas as pessoas têm acesso físico, social e econômico permanente a alimentos seguros, nutritivos e em quantidade suficiente para satisfazer suas necessidades nutricionais e preferências alimentares, tendo assim uma vida ativa e saudável.” (FAO, 1996)
O tema vem ganhando destaque recentemente devido a fatores como a pandemia, guerra na Ucrânia e adversidades climáticas, que impactaram diretamente a produção de alimentos, e o Brasil ocupa papel importante para a segurança alimentar global. No evento “Brazil Climate Summit”, realizado em setembro/2023 em Nova York, o professor Marcos Jank destacou esse protagonismo. Além da alta produtividade, o país ocupa posições de destaque na produção e exportação agrícolas, complementou Jank.
Com um enfoque de mudança cultural rumo a uma agricultura mais sustentável e resiliente, Paula Costa, da consultoria PretaTerra, enfatizou no “Summit” a importância da integração do ambiente florestal na produção de alimentos. Os sistemas agroflorestais há milhares de anos já fazem parte da nossa natureza. Uma pesquisa da universidade de Exeter, divulgada pelo canal de notícias BBC News em julho/2018, concluiu que os agricultores ancestrais da Amazônia, há 4,5 mil anos atrás, já plantavam milho, batata-doce, abóbora e mandioca, removendo algumas árvores e ervas daninhas, “mas mantendo uma floresta primária fechada, que se transformou ao ser enriquecida com plantas comestíveis”, enfatizou a pesquisa, demonstrando que produzir alimento dentro dos sistemas agroflorestais era uma prática já usada pelos nossos ancestrais.