Pais que permaneceram no meio agrícola por falta de alternativas, acabam incentivando os filhos a buscarem opções fora do meio rural. Em conversa com o professor Rubens Fey, do curso de agronomia da UFFS-Campus Laranjeiras do Sul-PR, esse foi um dos fatores apontados que contribuem para a saída dos jovens do campo para a cidade. Segundo levantamento durante a disciplina Práticas de Campo, nesses casos os pais desejam poupar seus filhos da penosidade do trabalho físico e das dificuldades as quais passaram. Toda essa condição vivida pelos pais, pode levar à crença que a vida no campo não é digna.
Para que essa fuga do jovem se transforme na possibilidade da continuidade de vida no meio rural, além do apoio da família, se faz necessária a garantia de direitos e políticas públicas para tanto. O acesso à terra, com crédito, assistência técnica, seguro e meios de comercialização. E o acesso à saúde, saneamento e educação, essenciais à sadia qualidade de vida (Contag – Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares).
Desse modo, mais do que herdeiro, que se refere puramente ao recebimento da herança familiar, o verdadeiro sucessor se envolve com a continuidade das práticas culturais, históricas e tradicionais de produção e cultivo (FETAG/RS – Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul,2020). Essa preparação para a sucessão muitas vezes é um processo de integração de valores como a sabedoria e o conhecimento empírico de um lado, com a técnica, a gestão e o novo de outro. Neste processo, as partes envolvidas devem estar abertas ao aprendizado e entendimento, no qual a continuidade do negócio é o objetivo comum. Assim, opiniões divergentes originadas do conflito de gerações, podem ser vistas como pontos de vista que se complementam.