Na semana passada falamos do êxodo urbano dos grandes centros, motivado principalmente pela busca de maior qualidade de vida no campo e nos centros menores. E a pergunta do Prosa Rural foi se esse fluxo migratório proveria mão de obra suficiente para o retorno total à agricultura orgânica, e menor dependência de insumos químicos.
O censo populacional de 2.022, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que 61% dos brasileiros permanecem vivendo em centros urbano, ou seja, mais da metade da população conta com o meio rural para prover seus alimentos. Em recente reportagem do jornal Gazeta do Povo, “O retorno total à agricultura orgânica mataria de fome mais da metade da população da Terra”, disponível em:< https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/o-retorno-total-a-agricultura-organica-mataria-de-fome-mais-da-metade-da-populacao-da-terra/?ref=busca, o cientista político tcheco-canadense Vaclav Smil procura responder a pergunta: conseguiríamos alimentar 8 bilhões de pessoas, mantendo a variedade de produtos agrícolas e animais que temos hoje em nossas dietas, sem o uso de agroquímicos e de outras tecnologias como maquinário e irrigação?
Segundo o autor, voltar à agricultura orgânica implicaria no retorno das famílias ao campo, se envolvendo com o preparo da terra e colheita, a alimentação e dessedentação de animais, o recolhimento de estrume e a distribuição deste no campo, e por fim o abate de animais para alimentação. Ainda, mesmo que houvesse essa disposição, produziríamos alimentos apenas para metade da população global, pontua Smil. Nesse aspecto, enfatiza que os avanços tecnológicos permitiram a redução do uso de mão em 98% na área agrícola entre os anos de 1.800 a 2.020 nos EUA, e que somente a área para alimentar os animais responsáveis pela tração animal tornariam impraticável esse retorno. Finaliza com dados sobre a nossa dependência de fontes nitrogênio sintético, que ainda são responsáveis pela metade da produção das safras agrícolas.