O uso eficiente do solo é dinheiro no bolso do produtor 

O Prosa Rural dessa semana vai falar sobre como as recentes chuvas na região afetaram o solo agrícola e como algumas práticas de manejo e conservação do solo podem ajudar a minimizar os danos causados por esses eventos extremos. O mês de fevereiro foi marcado por muita chuva em todo Estado, com precipitação de intensidade e duração suficientes para causar níveis significativos de erosão, especialmente em pastagens mais degradadas e áreas de lavoura recém colhidas. 

Para se ter uma ideia da importância da cobertura do solo na prevenção da erosão, um estudo de 2.015 do pesquisador Tiago Santos Teles, do IAPAR, apontou que um solo com 90 % de cobertura reteve cerca de 50% a mais de água, terra e matéria orgânica quando comparado ao solo nu. Quando extrapolamos esses dados para todo Estado, um estudo de 2.018 da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, estimou que cerca de 10 toneladas de solo/ hectare/ano foram parar nos rios. Já no Noroeste do Estado, no Arenito Caiuá, essas perdas ultrapassaram 20 toneladas de solo/hectare/ano, segundo o estudo. Essa diferença se deu porque os solos arenosos são mais suscetíveis a erosão, perdendo mais nutrientes quando comparados aos solos argilosos. Com a perda da camada superficial, uma parte importante da fertilidade é lixiviada. Os nutrientes que são mais levados pelas enxurradas são o potássio, fósforo, cálcio e magnésio, segundo Bruno Vizioli, analista técnico da FAEP. 

Desses resultados pode-se imaginar que os benefícios do plantio direto e outras técnicas conservacionistas são mais evidentes quanto maiores os teores de areia do solo. Ainda, dos nutrientes que são lixiviados, o potássio é um nutriente-chave na produção, principalmente de soja. A perda deste elemento pode comprometer a produtividade da cultura em até 40%, complementa Vizzioli. 

Práticas conservacionistas de solo como o sistema de plantio direto, plantio em nível e rotação de culturas devem ser vistas como práticas a serem utilizadas em conjunto no sistema produtivo, ajudando a preservar o solo e a água, e a por dinheiro no bolso do agricultor que as utiliza. 

*Observação: Na coluna da semana passada trouxemos uma informação do Simepar – Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná – na qual a maior parte das cidades paranaenses havia fechado com chuva abaixo da média histórica em fevereiro. Em boletim do agro meteorológico do início de março, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná traz que: “Fevereiro de 2023 foi marcado por muita chuva em todo o Estado do Paraná. A média estadual de precipitação em fevereiro foi de 256,4 mm, sendo que a média histórica é 167,7 mm. A precipitação registrada chegou a 460,6 mm em Guaíra. Somente em locais pontuais no Estado, como em Curitiba e Paranaguá, a precipitação ficou abaixo da média histórica.”, 

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