Como filho caçula, meus heróis durante boa parte da minha vida foram meus pais e meus irmãos mais velhos. A quebra do paradigma, com o entendimento que eles eram humanos e não heróis veio com o tempo. A completa aceitação foi também um processo dolorido. Eles erravam e acertavam, e imaginem só… eram mortais!
Com a proximidade das eleições, me peguei de volta nesse mundo da fantasia. Era mais ou menos assim:
Enquanto isso, na sala da Justiça, o Superman e a Mulher Maravilha conversam sobre o campo no Brasil:
-Devemos salvar o pequeno produtor, o meio ambiente, e protegê-los do bandido Agronegócio!
Do outro lado, na Bat Caverna, as conversas de campanha entre o Batman e Robin:
– Batman, precisamos aumentar a produção e ajudar a exportação, o Agronegócio não pode parar!
Após uma eleição marcada por mentiras e negações, ataques e coação de ambos os lados, restaram os dois heróis mais idolatrados e ao mesmo tempo rejeitados indo ao segundo turno. A vitória, por uma margem mínima e longe de ser unânime, ainda causa animosidades e sabe-se lá quanto tempo vai levar para haver diálogo entre os defensores de cada super-herói.
Felizmente hoje acordei com essa linda imagem de nossos heróis desfeita. Quando nos damos as mãos e passamos a olhar o próximo com amor e compaixão, o Batman volta a ser o mortal Bruce Wayne e o Super Homem já não é mais super. Aí damos espaço para os superpoderes da manipulação dos nossos heróis imaginários desaparecem, e podemos viver a realidade, plural e humana.