O agro é tudo ou o soja é tudo?

Cerca de R$ 57 bilhões foi a renúncia fiscal recebida pela cadeia de soja no ano de 2.022, segundo o estudo “O custo da soja para o Brasil: renúncias fiscais, subsídios e isenções da cadeia produtiva”, do economista Arnoldo de Campos. Por meio de leis que isentam impostos na cadeia produtiva do grão, desde a fabricação de insumos, o plantio, até a industrialização, as renúncias chegam a 15% do faturamento estimado, próximo dos R$ 400 bilhões, para esta cadeia produtiva”. Para se chegar nesse percentual, foram considerados os incentivos fiscais que contribuíram para a estruturação e crescimento da cadeia produtiva e os custos ambientais associados a essa política, segundo análise do portal jornalístico “O Joio e o Trigo” do dia 19 de outubro.

O relatório aponta ainda a grande extensão de plantio, cerca de 44 milhões de hectares na safra 2023/24. Confrontando com as estimativas da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, a área de plantio da leguminosa representa 56% do total da safra de verão. Essa supremacia fez com que sua participação no PIB do agronegócio triplicasse desde 2010 a 2022, passando de 9 a 27%, e que sem o grão o setor perderia metade do seu valor de produção, colocando em xeque o mote de que “o agro é tudo”.

Frisa também que há uma concentração na distribuição do crédito agrícola, na qual o soja abocanha uma fatia de 52% do total, que somado ao montante distribuído para o milho, essas duas culturas represam 72% dos recursos de financiamento.

 

De fato, a disparada das cotações do grão ocorrida no final de 2.019, como apontado nessa coluna, acentuou a concentração de riqueza em torno dessa cadeia produtiva, em detrimento de outras. Cabe a reflexão de quais as vantagens e desvantagens estamos obtendo dessa concentração, e quais ações podemos tomar para que a agricultura cumpra suas funções social, econômica e ambiental.

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