A origem política de duas agriculturas

Cerca de 24,4% é a participação esperada do agronegócio no PIB brasileiro de 2.023, segundo previsão do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA-Esalq/USP. Mas o que é o agronegócio? O livro “Formação Política do Agronegócio”, escrito pelo antropólogo Caio Pompeia, descreve o surgimento do termo,”agribusiness”, cunhada pelos professores J. Davis e R. Goldberg, de Harvard, como foi adaptada como “agronegócio” no Brasil, até como as entidades ligadas ao setor influenciaram os governos e a política.

Para criação da expressão, buscavam unir as palavras “agricultura” com “negócios”, tanto aqueles “antes da porteira” (insumos, máquinas, fertilizantes), como “depois da porteira” (armazenagem e logística de distribuição), englobando todas as atividades da cadeia produtiva.

Mais adiante, a obra descreve como, através da articulação política de entidades representativas, o “agronegócio” chegou até o Governo Federal. O autor escreve sobre a atuação das diversas entidades do “agro” e suas relações com os poderes legislativo e executivo, através dos diversos governos do País. E, independentemente se de direita ou esquerda, os governos receberam o setor do “agronegócio”, surfando e propagando suas vantagens, quando lhes convinha. Ao mesmo tempo, buscaram criar duas faces para uma mesma agricultura, onde era necessário ter mocinhos e bandidos para apadrinhar suas bases políticas.

Somos políticos por natureza, a todo tempo estamos em negociação com a família, amigos e colegas de trabalho. Do mesmo modo, ocorre no “agro”, buscando obter benefícios políticos e econômicos.

Fundamental é mantermos nossa atenção para perceber esses movimentos por parte dos atores do “agronegócio” e da agricultura familiar quando os mesmos se desviam dos objetivos de produção de alimentos, fixação do homem no campo e distribuição de renda, em busca de benefícios políticos e econômicos.

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