Não há vento favorável para quem não sabe aonde quer chegar, diz o ditado do marinheiro. E vem com o ditado a questão: para traçar o caminho aonde quero chegar, preciso saber onde estou. Esse diagnóstico do ponto de partida do produtor começa com o fluxo de caixa. Pela ideia de fluxo já dá para se ter ideia que se refere a entradas e saídas. No fluxo de caixa especificamente, deverão ser consideradas todas as entradas e saídas, tanto com o custeio, quanto com o investimento. Além disso, devem também ser consideradas dívidas com bancos e fornecedores, e valores a receber, para o ano safra ou para o período de planejamento mais adequado para a atividade desenvolvida.
Em conversa com Ronaldo Seramin, Mestre em Administração e pós-graduado em investimentos e blockchain, sobre gestão de propriedades rurais, ele relatou que “pequenos produtores podem ter maiores dificuldades em apurar o custo real da atividade, gerir adequadamente as despesas e executar um planejamento financeiro”. Essa foi uma das considerações apresentadas no artigo “Gestão dos custos de produção da atividade leiteira na agricultura familiar” – disponível em http://revistagt.fpl.emnuvens.com.br/get/article/view/941/705. Diante dos desafios de gestão, uma prática importante que pode ajudar é fazer a separação da conta bancária familiar, da conta usada para a atividade rural, sempre que possível. Além de facilitar a separação de entradas e saídas, se originada da família ou da atividade rural, essa separação pode trazer outros benefícios. Um deles é também servir para a separação de papéis, no qual o produtor e muitas vezes sua família, são a própria mão de obra na realização do trabalho rural. Ocorre que fora da atividade rural desempenham outros importantes papéis, seja dentro da própria família, comunidade e sociedade. Com essa visão, o produtor pode mais facilmente considerar apropriar um valor para remunerar a sua mão de obra, visto que se ele não o fizesse, teria que desembolsar esse valor para pagar alguém para fazê-lo.