O caminho menos trilhado

Há cerca de vinte anos atrás estava fazendo uma pós graduação em agronegócio e o professor Dr. José Roberto Canziani trouxe alguns gráficos sobre a China. A análise dos dados apontava para uma diminuição das importações de óleo e farelo de soja, e aumento das importações do grão no país. Desse momento em diante sempre ficou muito claro na minha cabeça essa imagem, na qual o Governo chinês passava a importar a “commodity”, ao invés do produto beneficiado. Estimativas para a safra 2.023/24 ainda apontam para compras de 105 milhões de toneladas do grão pelos chineses, que os mantêm como maiores importadores mundiais, entretanto, a industrialização do grão ocorre dentro do próprio país, gerando divisas e empregos.

No Brasil, o aumento da produtividade das lavouras e da demanda chinesa pela oleaginosa, alavancaram um crescimento médio anual de cerca de 10% das exportações oriundas do agronegócio brasileiro, durante os anos 2.000 a 2.023. Entretanto, no período de 2.010 a 2.023, o Brasil se especializou na exportação de “commodities”; no qual a participação de produtos da agroindústria caiu 20 pontos percentuais. A grande armadilha está no fato de que as “commodities”, como a soja, tem seus preços definidos no mercado internacional, tornando os produtores nacionais meros “tomadores de preço” frente às flutuações das cotações e à concorrência global. E nos países importadores, as mesmas serão beneficiadas, terão valor agregado e possivelmente serão exportadas.

          O caminho não trilhado nesses treze anos envolve o desenvolvimento das cadeias produtivas, englobando desde o processamento e a distribuição, além da diferenciação, marketing e abertura de mercados, para que, não somente a soja, como outros produtos agrícolas de maior valor agregado no mercado internacional ganhem espaço, levando o Brasil de exportador de produtos primários, para exportador de produtos da agroindústria.

 

Créditos da imagem: <a href=”https://br.freepik.com/fotos-gratis/homem-de-pe-com-mapa-de-viagem-no-bolso-traseiro_1190121.htm#fromView=search&page=1&position=2&uuid=135ec544-2086-4a6b-b267-120bdf6169e2″>Imagem de Dragana_Gordic no Freepik</a>

Fontes consultadas:

https://www.canalrural.com.br/agricultura/projeto-soja-brasil/china-aumenta-venda-de-farelo-de-soja-em-5-vezes-brasil-deve-se-preocupar/

https://agro.insper.edu.br/agro-in-data/artigos/o-agro-brasileiro-esta-agregando-valor-as-suas-exportacoes?utm_campaign=Comunica%C3%A7%C3%A3o_News_InsperAgro&utm_medium=email&_hsenc=p2ANqtz-8PJ6_-k5YBTbfuzoc_Q_PSdnicX3yCNlGPK5xmJS9nYhUR58wiXezRbeUVprmemXnPRhGo1dVXLc8qGUViu2Rc5VpHzA&_hsmi=319417233&utm_content=319417233&utm_source=hs_email

https://www.cepea.esalq.usp.br/br/releases/cepea-abiove-com-quebra-de-safra-agroindustria-ameniza-queda-do-pib-da-soja-e-do-biodiesel.asphttps://revistaoeste.com/agronegocio/usp-preve-queda-de-33-na-riqueza-gerada-pela-soja-no-brasil/#google_vignette

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *